quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Filipeta de Haicais * Antonio Cabral Filho - Rj

*FILIPETA DE HAICAIS*


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Andar sem ruídos,
no mormaço da floresta:
Cascavel ao sol.
&
Sob o sol de outono,
tem visita no quintal
Sábia sabiá.
&
Ouro vira flor,
Colorindo véu  de noiva:
Ipê amarelo.
&
O rubro do sol,
Semeando a liberdade:
Ipê vermelho.
&
Ao sol da manhã,
Caracol faz desjejum:
Lanche natural.
&
De rio a rio,
o arco-íris faz a ponte:
Enlace das águas.
&
 Ao cair da tarde,
sombras morgam na penumbra:
Fecham-se as cortinas.
&
Trina o sabiá,
despedindo a madrugada:
Amanhece maio.
&
Areia nos bolsos,
mais a festa da torcida:
Eis o pau de sebo.
&
Apos a derriça,
na colheita de café:
Insetos melífluos.
&
Com rio minguante,
pescador refaz tarrafa:
Tempo de águas turvas
&
Enquanto o sol se põe,
a água do lago é fresca:
Sabiá que o diga.
&
Persiste na garça
a espera de um lambari:
Rio assoreado.
&
Janela sem moça,
na tarde de Itapuã:
Caymmi sem mar.
&
No canteiro imenso,
uma flor na solidão:
Bela mesmo assim.
&
Não fala mas vê,
detalhes da vida alheia:
Coruja não dorme...
&
Rosto na sacada...
E câmera vira enfeite:
Máscara do medo.

Antonio Cabral Filho RJ
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